segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Depois da tempestade... vem o levante.

Aos poucos os fatos que levaram a revelar o verdadeiro panorama da dança contemporânea na cidade de São Paulo vão sendo absorvidos pelo cotidiano absurdo a que estamos submetidos. Vale lembrar que ainda estamos sem respostas.

Todo o roteiro da 9ª Edição do Fomento revela a que ponto chegou o jogo de força das comissões, a influência das universidades nos resultados e na pasteurização dos projetos, a descaracterização da própria lei pela Prefeitura de SP e pela classe que pressionaram sutil ou descaradamente a SMC a adequar a Lei aos seus projetos e particularidades.

Se tudo isso servir para repensarmos os rumos das companhias (vale aqui um parênteses para refletirmos sobre o que é uma companhia ou um grupo que se une por um objetivo comum, abdicando de projetos pessoais para o desenvolvimento de um trabalho coletivo e não pessoas que se unem e se separam ao sabor dos editais; nada contra esse tipo de artista, mas vão criar a Lei de Fomento ao Solo, o Programa de Ação Cultural do núcleo amigo, do amigo, do amigo da onça, o Fundo de Apoio ao eu te convido hoje amanhã você me convida etc.) e da própria dança encontraremos algo de bom nessa porcaria toda.

Caso contrário, um profundo senso de injustiça fará parte de vez, não só desse momento, mas do futuro e não haverá enfermagem e solidariedade à comissão que apagará a injustiça cometida contra companhias que até hoje permanecem sem respostas à leitura equivocada de seus projetos.

O que ocorreu nessa edição não pode ser esquecido. Não é fruto de um grupo isolado, mas faz parte de um pensamento que inunda muitas cabeças e está levando pessoas que querem se tornar artistas um dia a acreditar que esse é o único caminho a ser seguido. A universidade é uma possibilidade de formação e construção do conhecimento, mas não é a única! Não podemos dar espaço ao fundamentalismo acadêmico que prega a extinção de grupos que não rezam sua cartilha. O caminho suave não existe e a universidade não pode e não deve enganar seus pupilos em detrimento de grupos com histórico e ações consistentes no panorama da dança em São Paulo. Todos merecem espaço, mas a universidade deveria encabeçar uma luta para novos grupos e não enfiá-los goela abaixo em um programa que eles não têm estofo para concorrer.

Grupos que se mantêm unidos em torno de um fazer artístico de longo prazo estão sendo penalizados, justamente por pensarem assim, por entenderem o quanto é importante terem seus próprios locais de ensaio, por terem projetos de longo prazo e repertório e por fazerem arte e não teses.

Mas aviso: uma companhia que  ganhou seu primeiro edital de incentivo após oito anos de atividades ininterruptas e com elenco estável, não vai desistir só porque o que já desconfiávamos se confirmou. Com 11 anos de existência continuaremos da mesma forma. Com uma diferença apenas, estaremos de olhos bem abertos!

Mirtes Calheiros

7 comentários:

  1. Caro anônimo. Que pena que você não tem coragem de se identificar para debatermos de uma maneira honesta e digna.
    Levante.

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  2. Pessoa anônima.
    Parece que você não leu as nossas postagens e comentários, uma vez que não estamos chorando a perda de mais um edital e sim levantando questões mais profundas a cerca do não entendimento do nosso projeto e da própria Lei de Fomento à Dança. Mas como você mesmo disse, sou uma pessoa com rugas e terei paciência com sua violência e ameaças inúteis.
    Mirtes

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  3. Credo, preferia não ter lido isso. Elabore melhor sua crítica, pois ela se torna individualizada, com fundamentos egóicos, e perde o valor por ser dita dessa forma. Anônimo, não deixe de se manifestar, mas por favor, entenda melhor sua crise.

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  4. Escuta aqui Dr. Sem Nome, é assim que você aprendeu na tal auta cultura da universidade? Dá um google, lê por cima e sai vomitando opinião? O Hakim Bey é um gênio, VIVEU o que “prega”, correu o mundo e o submundo, escreveu dezenas de livros e está desconstruindo toda nossa noção de revolução, ação política, liberdade etc. Vai estudar ou pelo menos seja homem e fala de uma vez – ‘não vou com tua cara’ sem essa coisa capenga de criticar por tabela sem conhecer nada de nada.
    Mas será que dá pra esperar hombridade de alguém que se esconde no anonimato na ameaça (AMEAÇA) de processo na grosseria no comando de outras pessoas? Eu sou muito mais a favor de uma irmandade espiritual que não submete seus membros uns aos outros que isso aí que você parece ter escolhido, um cantinho seguro de conformismo, despersonalização e rancor. Que nome você dá ao esse policiamento ai que você está fazendo?
    Você acha que seu ‘desmascaramento’ foi a destruição de um inimigo? Pense de novo, porque então já não havia rosto e o LEVANTE pode estar se fazendo bem nas suas costas.

    “uma espécie de rebelião que não confronta o Estado diretamente, uma operação de guerrilha que libera uma área (de terra, de tempo, de imaginação) e se dissolve para se re-fazer em outro lugar e outro momento, antes que o Estado possa esmagá-la. Uma vez que o Estado se preocupa primordialmente com a Simulação, e não com a substância, a TAZ pode, em relativa paz e por um bom tempo, "ocupar" clandestinamente essas áreas e realizar seus propósitos festivos.” Hakim Bey, TAZ.

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  5. Olá Hakim
    Estou relendo Chuva de Estrelas e acho que farei isso muitas outras vezes tamanho é o volume de informações e idéias que o livro revela. Voltarei também ao Dicionário Kazar. Vc já leu?
    E que tal o wikileaks? Vc considera que seja um movimento identificado com as idéias do levante?
    Bem..quanto a criatura acima, não emprego minha enregia para responder aos seus comentários patéticos. O melhor é deixar postado para que todos possam ler e ter um panorama do que pensa um segmento da dita dança contemporânea(contimporânea...).
    Abraços e seria muito legal se vc viesse assistir Cordeiro na FUNARTE, último final de semana...
    Sabe? às vezes, ao final da apresentação fico olhando para a platéia e pensando: será que o Hakim já nos viu? Será que ele está aí?
    Depois penso: mas o melhor é não saber quem é vc.
    O melhor é que vc nos acompanhe de alguma forma.E isso basta.
    abraços
    mirtes

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  6. O LEVANTE é um espaço democrático. Portanto não vamos excluir nenhuma mensagem postada no blog. Inclusive mensagens anônimas.

    As questões que lançamos no blog são assinadas, aliás, falamos sobre elas pessoalmente com os próprios envolvidos: classe artística, membros da comissão e representantes da SMC.

    Falamos, ouvimos, questionamos, revimos posturas. Obviamente como estamos tratando de coisas preciosas para a companhia, às vezes nos excedemos no tom, mas nunca sem perder o respeito. Deixamos essas mensagens por um bom período na pagina principal do blog para que todos tomem conhecimento de como vai a “DANÇA” na cidade de SP. Continuamos sem resposta, aliás, já desistimos das respostas, ou melhor, o anônimo nos respondeu! Respondeu desmascarando a ele mesmo e a tudo e todos que ele representa.

    Ederson Lopes

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  7. Como diria Nietzsche (saúde!), o que não mata, engorda. Então, obrigado anômalo. Protocordados, sempre os haverá. Fico mais preocupado com o silêncio geral. Dos que se manifestaram, uma parece concordar com o conteúdo mas discordar da forma; outro vem em defesa de seu guru e nos inclui apenas colateralmente. Por favor, apoio ou críticas, não se acanhe. Acanhado? O anonimato está aí para qualquer um. Comentem. Sua opinião é importante para nós, e ninguém vai te obrigar a ouvir uma musiquinha antes. ÚLTIMO fim de semana de CORDEIRO na FUNARTE. Leve uma flor e um tomate e participe. Luz pra todos!

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