sexta-feira, 29 de outubro de 2010

SOBRE POLITICAS PÚBLICAS E O SER HUMANO!

A política pública existe, mas ela é comandada por pessoas com vontades e interesses que muitas vezes entram em conflito com os princípios e objetivos dos programas. O que fazer?

Aproveitando a discussão da última postagem, segue uma texto em repúdio a avaliação da comissão da 9 edição da Lei de fomento à Dança, formada por Marilia Gabriela Gonçalves (presidente), Uxa Xavier, Neide Neves, Ana Terra, José Renato Fonseca de Almeida, Yaskara Manzini e Gaby Imparato, ao projeto apresentado pela Cia. Artesãos do Corpo.

Com todo o respeito aos contemplados, aos não contemplados e principalmente aos 16 profissionais envolvidos no projeto, segue o texto:

VERGONHA – O parecer emitido pela “soberana” comissão da 9ª edição da Lei de Fomento à Dança é uma VERGONHA!!! As justificativas para não aprovação do projeto “Estudos sobre a Proximidade”, apresentado pela Cia. Artesãos do Corpo, emitidas mostram o total desconhecimento da comissão no que se refere aos objetivos da lei, que por pensamentos como esses corre o risco de desaparecer.

Repleta de equivocos o parecer desrespeita uma companhia de 11 anos de pesquisa e os dezesseis profissionais envolvidos no projeto.

Replicamos, em vermelho, as considerações da “soberana” comissão, a qual esperamos que tenham a decência de rever itens do projeto que acreditamos que não foram bem analisados.
Fica uma duvida: Vocês leram nosso projeto com a atenção necessária? Afinal de contas vocês estão recebendo dinheiro público para executar esse serviço e o mínimo exigido é uma leitura atenta dos projetos.

Comissão: O Projeto apresentou uma quantidade bastante vigorosa de ações que seriam realizadas com o prêmio, de maneira clara, consistente e coerente com a trajetória do núcleo.
Artesãos do Corpo: Muito obrigado.

Comissão: Mas chamou a atenção, de maneira estranha, a apresentação de uma contrapartida como um apoio ao festival partindo de um volume de recursos ínfimo para tal realização. Não pareceu à comissão que este item seria efetivamente enriquecido com o valor alocado.

Artesãos do Corpo: O apoio ao festival que pareceu estranho à comissão, nos parece bem claro no item 2 do PLANO DE TRABALHO, chamado DIFUSÃO E REPERTÓRIO:

·         A inclusão do festival no projeto “Estudos sobre a proximidade” possibilita o suporte financeiro para sua ampliação e a garantia de ações de formação (oficina, palestras, mostra de vídeodança), bem como dialoga com um dos eixos do projeto que é a relação do corpo com a cidade.

O valor ínfimo  de R$ 2.500,00 (dois mil e quinhentos reais), seria destinado para a realização de oficinas, palestras e para o suporte técnico da mostra de video-dança.

Poderíamos ter feito duas oficinas de dança gratuitas para estudantes de dança e pago aos professores, por exemplo R$ 800,00 (oitocentos reais) por cada oficina de quatro horas. Também poderíamos ter realizado uma palestra com um pesquisador e pago para o mesmo R$ 700,00 (setecentos reais) por um encontro de 2 horas aberto ao público. E também alugar por dois dias um projetor de imagens para a realização de uma mostra de videodança, pagando R$ 100,00 (cem reais) por cada diária. Totalizando R$ 2.500,00. Valores ínfimos para quem julga, mas talvez para um artista não seria tão pouco e possibilitaria uma irradiação dos recursos do projeto para outras profissinais que não são da companhia, movimentando a economia da cultura.

A palavra suporte não é de difícil entendimento, ela presupõe que temos outras possibilidades de recursos para realizar o festival, mas que não dá conta do orçamento completo, portanto buscamos parcerias como a alternativa.

Comissão: Um outro ponto que nos chamou a atenção foi a apresentação de um vídeo com espetáculo em teatro para um projeto que visa a realização na rua. Apesar de reconhecer a trajetória de ações urbanas do grupo, neste projeto não ficou claro como se daria esta relação.

Artesãos do Corpo: O vídeo citado foi apresentado no iten XII Informações complementares , alías não foi só um vídeo e não foi só no palco/teatro. Foram entregues quatro itens:

1)   material de imprensa
2)   CD com portifólio da companhia, fotos do repertório e das edições anteriores do festival Visões Urbanas
3)   DVD de dois espetáculos da companhia: Espasmos Urbanos (1999) e Cordeiro (2009)
4)   DVD com imagens dos espetáculos do repertório da companhia para palco e espaços públicos;

Será que a comissão viu todo o material complementar? Acredito que não, pois teria visto no item 1, 2 e 4 que não havia somente imagens e vídeos de espetáculos em teatro e sim um material vasto (fotos e vídeo) de criações para espaços públicos e paisagens urbanas também.

O mais grave é notar que a comissão inventou que o trabalho seria realizado na rua, dado que não consta no projeto.

No item objetivos específicos consta o seguinte texto:

a)    criar, produzir e realizar, no mínimo 15 apresentações, do NOVO TRABALHO DA COMPANHIA ARTESÃOS DO CORPO, a partir de pesquisas dramatúrgicas e coreográficas sobre a tríade: espaço, proximidade e fronteira tendo como livre inspiração o conceito de “mixofobia” proposto por Zygmunt  Bauman e o universo poético-urbano de Ítalo Calvino.

Existe uma pergunta que não quer calar. De onde a “soberana” comissão tirou a idéia de que o projeto seria realizado na rua e como fica uma companhia quando descobre que seu projeto foi rejeitado por um erro da comissão?

Comissão: Também foi considerada a questão da necessidade de um momento de reflexão do núcleo em relação às suas ações de continuidade que tragam sustentabilidade para a cia independente da estrita relação com os editais.

Artesãos do Corpo: Não entendemos a consideração! Queria que a “soberana” comissão nos apresentassem propostas de ações que tragam sustentabilidade para a compahia independente da estrita relação com os editais. O trabalho desenvolvido pela Cia. Artesãos do Corpo não encontra ressonância nas leis de mercado, por ser um trabalho de pesquisa continuado e que foca suas ações em parâmetros que não se encaixam em uma estrutura empresarial que visa lucro, competitividade e captação de recursos. Os editais são uma via que encontramos para continuar desenvolvendo nosso projetos e mantendo as ações que achamos pertinentes para a sociedade onde estamos inseridos. Tomando o parágrado acima como premissa, não vejo diferença entre os projetos aprovados e o projeto da companhia, uma vez que temos muito mais dificuldade para desenvolver nosso projeto artístico do que companhias e núcleos compostos por uma ou duas pessoas. Exijimos que a comissão reflita um pouco mais sobre esse item e que venha discutir conosco a questão da sustentabilidade de uma companhia independente no Brasil, longe dos gabinetes e das salas de aulas. Aliás esse seria um ótimo tema que poderíamos ter debatido com a verba “ínfima” de apoio ao festival.

Comissão: A partir destas reflexões e por considerar todo o histórico do grupo, entendemos por selecioná-los para a suplência, em caso de haver algum tipo de problema com algum dos selecionados.

Artesãos do Corpo: Duas coisas estão certas: Falta verba para bons projetos e faltou critérios mais claros para essa comissão

Temos que inverter urgentemente a avaliação da necessidade de aumento da verba da Lei pela quantidade de projetos inscritos e lançar o olhar para a quantidade de bons projetos que ficarão nas gavetas, ou não serão realizados em sua plenitude. Tentaremos executar o máximo de ações do nosso projeto, pois temos consciência que nossa arte passa em primeiro lugar por um desejo de permanecer criando juntos independente das respostas negativas e do nefasto propósito de anular nosso jeito diferenciado de produzir dança em São Paulo e não o modelo pautado pela promiscuidade e pelo egoísmo tão presente na cena artística paulistana.

Atenciosamente.
Cia. Artesãos do Corpo
Ederson Lopes 

21 comentários:

  1. Deixe ver se eu entendi: Se o Grupo pede muito ele não ganha porque o orçamento fica além do estipulado, se ele pede pouco a comissão não acredita que algo de qualidade pode ser feito. Nem o Doutor Spock e sua mente vulcana daria conta da lógica da comissão.

    A comissão realmente acredita que grupos como o Tanztheater Wuppertal de Pina Bausch e a Merce Cunningham Dance Company se sustentam apenas com o dinheiro da bilheteria? Qualquer pessoa que lida com cultura (de verdade), principalmente artes cênicas, sabe que em todo o mundo os grupos de pesquisa são subsidiados. Santa ignorância Batman!

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  2. Tem duas coisas que eu entendi, mas não quero acreditar que entendi. Traduzindo para o corintiano os comentários da comissão:

    'Não vamos te dar dinheiro por que você pediu pouco. Nós conhecemos a trajetória do grupo, mas preferimos ignorar que já realizaram 4 (QUATRO!!)festivais internacionais nos mesmos padrões financeiros declarados. Ademais, nós só damos dinheiro para quem já tem outras fontes de dinheiro.'

    É isso mesmo? Por favor, me diz que sou eu que estou louco!!! Por que é melhor eu num sanatório do que a cultura e o dinheiro do povo nas mãos de loucos!

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  3. Quer saber duma coisa? Abre uma conta no paypal para fazermos doações. Vinte e cinco loucos dando $100 cada, vocês fazem um festival, fazem um levante e ainda criam 'sustentabilidade para a cia independente da estrita relação com os editais' como quer a começão de famintos, digo, colisão de jumentos, ops, comissão de fomento.

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  4. Queridos Artesãos.Estamos chocados. De certa forma já estávamos BEM conformados com a não aprovação de nosso projeto. Estámos tristes pelos amigos, mas achando que no fundo seria bom para o Caleidos voltar um pouco às sua "pobres" origens. De repente vem essa devolutiva RIDÍCULA, pedante, autoritária, desvirtuada dos valores que nortearam a criação da Lei de Fomento e principalmente incoerente ( o que justifica tirar vocês, justifica colocar outra cia de dança). Voltamos a nos chatear! "Perder é parte do jogo", ok! Mas pelos motivos alegados? Isso não é perder, é ser desrespeitado. Uma pena.
    Fábio Brazil / Caleidos

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  5. Olá Marcelo, Ken, Josafa e Fabio, muito obrigado pelos comentários. O projeto que a companhia apresentou para a 9 edição do Fomento à Dança não era para a realização de um festival. Era um projeto para garantir a continuidade da companhia e para a criação de um novo espetáculo, mas também previa ações de formação, difusão, circulação e memória.
    Não sabemos o que fazer, mas temos algumas alternativas:
    1) tentar impugnar o edital;
    2) solicitar uma audiência com o secretário de cultura e toda a comissão para seja esclarecido os equivocos da devolutiva;
    3) mudar para o Cazaquistão.
    Como o Fabio bem disse, perder faz parte do jogo, mas perder com um gol de mão é difícil de aguentar.
    Ederson Lopes

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  6. eu, como diretora da Companhia Artesãos do Corpo e sabedora do enorme sacrificio, dedicação e anos de trabalho que juntos, muitas vezes sem nenhum apoio financeiro, enfrentamos para defender uma idéia artistica e de vida, preciso me recuperar de tanto nojo.
    Sim. Nojo.
    As justificativas que nos enviaram para não aprovarem nosso projeto Estudos Sobre a Proximidade para a nona edição do fomento à dança me ofendem e ofendem todos os 16 integrantes da companhia.
    Espero que as próximas comissões do fomento nunca mais nos mandem ou a nenhuma outra companhia ir "buscar noutro lugar formas de sustentabilidade".
    Quem vem acabando e desvirtuando o fomento à dança são essas comissões que para garantir uma reserva de mercado vem sistematicamente ignorando outras formas de criar e produzir arte.
    mirtes calheiros

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  7. Caros colegas, parece-me uma atitude extremamente infantil postar publicamente uma indignação particularizada, quando estamos no meio de uma batalha pela defesa do fomento e poucos de vcs estão arregaçando as mangas e trabalhando nessa causa.
    As justificativas são sempre as mesmas: ensaios, o horário não é compatível, etc, etc, etc.
    Tenho alertado a categoria de que os editais de fomento descaracterizam a lei à cada edição. Poucos se dão conta disso. Estão muito mais preocupados se foram ou não contemplados.
    Antes de desuqualificarem a comissão de avaliação que são profissionais da dança tão qualificados como todos nós, façamos outro exercício: o que eu deveria fazer e não fiz, ou apenas resolvi fazer agora porque a água começou a bater no meu traseiro?
    Precisamos sim fazer o exercício de convidar a comissão eleita para uma discussão madura antes de iniciarmos o processo de trabalho, durante e após.
    Mas a maioria é acomodada e alienada !
    Quando muito conseguem olhar apenas para o próprio umbigo !
    è claro pra mim que nos falta inteligência nesse momento.
    Estamos dando numa bandeja de prata aquilo que a SMC mais deseja: a desarticulação da categoria.
    Pedir esclarecimentos sobre uma avaliação, onde tb questiono algumas considerações, sim.
    Desrrespeitar nossos parceiros que se colocafram ali, pq poucos querem dar à cara pra bater, NÃO!
    Talvez tenha faltado um texto melhor articulado.
    Desculpe-me mais uma vez, mas irritou-me profundamente o e-mail q. está sendo divulgado, pq temo colocar tudo à perder nesse momento.
    Convido-os à participar do movimento instaurado nas últimas semanas pela dança e pelo teatro.
    Cansa ?
    Cansa sim !
    Mas é necessário !
    Acham que não vai levar à nada, pq já fizeram isso outras vezes ?
    Mentira !
    Vai levar ao amadurecimento de propósitos.
    Somos na verdade incapazes de perceber nossas conquistas. E como não a percebemos, não nos apropriamos dela.
    Isso sim é GRAVE !
    A nossa briga não é entre nós !
    A nossa briga é outra !
    Entendam isso de uma vez por todas !
    Porque é exatamente isso que cansa: o estado ainda embrionário da dança na cidade de São Paulo !
    Desculpe-me o tom mais uma vez.
    Abraço
    Solange

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  8. Oi Solange.
    Concordo plenamente com você sobre a falta de empenho da classe pela defesa do fomento e me coloco na lista dos que estão em falta.
    Mas temos que refletir juntos sim, pois ha duas edições atrás em uma reunião na Galeria Olido, fui um dos únicos que foi contra a inclusão da alteração no edital que permitia que grupos em fase de estruturação pudessem concorrer a Lei de Fomento com projetos até 100 mil, descaracterizando totalmente a Lei de Fomento à Dança. Redigimos uma carta, que não foi entregue a tempo. Alguém ficou com essa responsabilidade e não o fez. Talvez por conta dos ensaios etc. etc. etc. Me indispus com colegas na reunião, mas tudo respeitosamente na defesa dos princípios da Lei. No final das contas o item foi incluído. Item esse incluído por uma sugestão da comissão anterior...
    Não desqualifiquei ninguém pessoalmente. Desqualifico a devolutiva ao nosso projeto. Desqualifico mesmo.
    Não é uma visão particularizada. O que está contido ali pode acontecer com outros grupos amanhã. Não podemos avaliar o problema da fome como um problema individualizado.
    Não acredito que esse e-mail causará grandes estragos. Somos insignificantes no panorama da dança paulistana, no Brasil praticamente inexistentes, portanto isso não reverberará da maneira como você está imaginando.
    Quero realmente acreditar que a briga é outra.
    Não precisa se desculpar pelo tom, não levo esse tipo de discussão para o âmbito pessoal e espero que todos façam o mesmo.
    Abraços.
    Ederson Lopes

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  9. Caro Hakin.
    Recebemos seu comentário via e-mail, mas ele não está no blog. Achamos que sua opinião pode contribuir para a nossa conversa. Para não corrermos o risco de você pensar que censuramos sua resposta, peço a gentileza de publicá-la novamente ou permitir que eu publique a que veio para o meu e-mail.
    Obrigado.
    Ederson Lopes

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  10. Caro Ederson,

    Continuo discordando de vc, se me permite.
    Não somos insignificantes no panorama da dança paulistana. Muito pelo contrário. E o que fazemos reverbera e muito nos demais estados e fora do país também. Vejo isso com muita clareza pq tenha a oportunidade de viajar para outros estados, conversar com outros profissionais da dança, observar atentamente as mobilização por esse país a fora. A Dança em São Paulo é representantiva sim. A Lei de Fomento à Dança também. O Movimento Mobilização Dança, que muito paulistanos fazem um esforço imenso pra ignorar, é tb uma referência no país. Só não vê quem não quer ou quem ainda continua olhando para o seu próprio umbigo, seu próprio projeto, seu próprio núcleo. E continuo lamentando o fato da categoria não se dar conta disso e não se propor à uma discussão madura sobre nossa atuação política frente à essas adversidades. Talvez não queiram ficar expostos e sofrer represálias dos "coronéis" da dança (um outro poder instaurado no estado de São Paulo que poucos querem discutir). Lamento também o fato de cias. e núcleos artísticos se isolarem em suas sedes ou pseuso-sedes-temporárias "mergulhando" nas suas pesquisas, deixando de lado essa luta insana que à todos nós pertence. Lamento, mas não me detenho por causa disso. Continuo nessa batalha e nem por isso deixo de trabalhar, com ou sem projetos aprovados. Aliás poderíamos começar a discutir uma outra forma de produzirmos, pois, embora reconheça o dever do estado de apoiar a cultura e dentro dela as artes, reconheço tb a necessidade dos artistas buscarem autonomia e reconhecimento da sociedade para que um dia voltemos a viver de bilheteria, tal como acontecia nos anos 70 e 80. Ederson e demais leitores desse blog: não deixemos de ficar indignados com o estado precário das coisas, mas com o estado precário das coisas e não com as pessoas que estão tentando tanto quanto nós sair da "maracutaia" criada pelos editais que deixou-nos impregnados pelo vínculo de dependência e nos impede de pensar a dança...além dos editais ! Abraço. Solange Borelli

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  11. Sou de fora , mas acho que pesaram um pouco na mão
    e perder faz parte da vida .
    Não é legal toda vez que se perde uma concorrêcia
    ficar tentando achar um bode espiatório ou um outro que seja culpado .

    Devemos nos preparar para " perder tambem " .
    faz parte da vida .

    Abraço , Jackow.

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  12. Edital não é sobre ganhar ou perder Marcelo.
    A avaliação que se fez do projeto desautoriza todo o tipo de comentário crítico sobre o mesmo. Aparentemente a Comissão passou atestado de ignorância ao criticar algo que nem rasteiramente analisaram.
    Era mais bonito falar: não analisamos detidamente todos os projetos e vocês vão ficar sem este ano.
    Ridículo é encontrar argumentos falsos para uma justificativa super obscura da seleção dos tais projetos.
    Precisamos de maiores informações sobre o processo de seletiva. Mais pormenorizada e democrática.

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  13. Olá, acredito que a luta pela Lei de Fomento seja sim uma discussão política em esfera maior, embora esta luta venha a atender a produção de dança na cidade de São Paulo, não podemos relevar ou manter em sigilo tais considerações feitas sobre um projeto específico, pois não acredito serem particulares, mas sim uma postura perante os projetos. Com este post no Levante não temos a intenção de sermos atendidos particularmente, mas expor qual é a situação a qual a Lei que estamos batalhando se encontra, sendo reforçado através do histórico da postura da Cia. perante a luta pelos interesses da classe artística.
    Esta resposta da comissão expõe de maneira clara a fragilidade na análise dos projetos e, na medida em que interfere na produção paulistana, ampliamos a batalha sobre a Lei, agora em duas frentes.
    A favor da resistência e ampliação da Lei de Fomento e de Novas Leis que atendam as necessidades da crescente produção artística, bem como a favor de uma análise mais criteriosa com relação aos projetos apresentados.
    Portanto, expor a fragilidade na análise de projetos não desqualifica a importância da Lei, mas reitera a atenção dos grupos para uma maior densidade em sua existência.

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  14. Os que criticaram o posicionamento dos Artesãos parecem se não ter lido o texto completamente: os Artesãos foram colocados na suplência e já ganharam um prêmio nesta posição. Seria mais fácil ficar de bico calado e rezar contra um dos colegas contemplados. Espero que as acusações de que sejamos mau perdedores se convertam em elogios pela coragem.

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  15. Poética

    Estou farto do lirismo comedido
    Do lirismo bem comportado
    Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente
    protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.
    Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário
    o cunho vernáculo de um vocábulo.
    Abaixo os puristas
    Todas as palavras sobretudo os barbarismos universais
    Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
    Todos os ritmos sobretudo os inumeráveis
    Estou farto do lirismo namorador
    Político
    Raquítico
    Sifilítico
    De todo lirismo que capitula ao que quer que seja
    fora de si mesmo
    De resto não é lirismo
    Será contabilidade tabela de co-senos secretário do amante
    exemplar com cem modelos de cartas e as diferentes
    maneiras de agradar às mulheres, etc
    Quero antes o lirismo dos loucos
    O lirismo dos bêbedos
    O lirismo difícil e pungente dos bêbedos
    O lirismo dos clowns de Shakespeare

    - Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.


    Manuel Bandeira

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  16. Voltando a Comissão: quem é esta senhora que mandou os comentários dizendo que certas questões não deveriam ser tratadas publicamente? Ué, não é o contrário? Aquilo tudo não deveria ser feito às claras, afinal, quem alimenta o fomento não é o dinheiro do contribuinte!? E se a comissão acha que foi correta porque o parecer deles tem que ser secreto? Ou queriam que todo mundo ficasse quietinho? Quem, afinal das contas, ganha com o silêncio de todos? Felizmente vivemos em uma época em que, para o bem e para o mal, todos temos uma voz ativa e cibernética para gritarmos contra os absurdos que brotam em todo canto no nosso país tiriricanesco (melhor se fosse Tarantinesco). Não existe nada pior do que viver com medo, medo do governo, medo de ladrão, medo de lobo... medo de tomar uma posição corajosa, dizer o que bem entende, e não ganhar mais o parco fomento... Os “Artesãos do Corpo” tiveram a coragem de parar de murmurar e berraram, decidiram se tornar agentes do caos. Sim, vão pagar um preço, mas vão provocar tremedeira em alguns, e gozo em outros.

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  17. Após reunião com a comissão da 9 Ed do Fomento à Dança continuamos sem respostas às nossas perguntas.
    Lamentável não?
    Mirtes Calheiros

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  18. Como diria o grande filósofo: dialogar, ops, conversar com certas pessoas é superestimá-las. E, conseqüentemente, estamos nos subestimando.

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  19. Sr. Lopes,
    Não sei como meu cometário foi para seu e-mail. Como você viu, foi direcionado a Solange. Nem precisava pedir minha permissão par publicar. Por favor, assim faça, pois não lembro de tudo o que escrevi. May the force be with you.

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  20. Segue o comentário postado por Hakin no dia 31/10 às 17:44h:

    Solange, em respeito ao pedido do Dança na Rua, não vou partir pra ofensas, individualizadas ou genéricas. Mas como não sou da ‘categoria’ vou dar pitaco sem medo de perder a boquinha.
    A impressão geral que eu tenho é que pra você classe é todo mundo que faz o que você faz mais para os tais representantes da classe, na classe não cabe tanta gente. Escolhas burocráticas que não seguem a lei que foi criada por um movimento de classe (foi isso, certo?) certamente não se resolve na base do ‘o respeitável colega ME PERMITA discordar’.
    Sabe o que segue o amadurecimento de propósitos que não se atualizam? Apoderciemento de propósitos. E então surge uma nova articulação? E dessa vez vai ser diferente? Qual é sua briga enfim? Não sei nada aí do seu ramo, de dança ou de teatro, Eu estou aqui falando do que eu sei de gente cheio de boa intensão que batalha, não leva nada, afaga os colegas que estão infiltrando o sistema gritando ‘nossa briga não é entre nós’ até o dia que esses colegas dizem ‘nós quem cara pálida?’.
    Quando os coletivos fazem greve (geralmente em época de eleição por conchavo com a oposição que vai quer virar situação) quem tem o que fazer vai a pé mesmo.
    Pô, se o inimigo comum é a própria SMC então é você mostrar que essa comissão não é vendida, mostrar que quem levou a grana mereceu por méritos estéticos e culturais. Mas como o que você considerar problema de articulação eu considero problema mental (isso não é ofensa é constatação de quem entra em contradição na mesma frase como o kenkoanz resumiu ironicamente), não dá pra nurtir esperanças que exista critério cultural algum.
    Fora do sistema é fora do sistema. Essas mentes capitalistas engolem tudo. União de classe já se provou conversa pra boi dormir. E boi não sonha.

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  21. Ainda sem respostas, nossas perguntas ficarão no ar. Embora muitos cabelinhos balançantes da dança teimem em dizer que nossa indignação se refere ao âmbito de perder ou ganhar (e aí entram com a horrenda frase: saber perder)sendo que nada os faz refletir sobre as questões muito mais graves que pairam sobre o panorama da dança em São Paulo.Não estamos nos levantando contra ganhar ou perder e sim sobre: afinal o que fez uma comissão que entendeu nosso projeto erroneamente?
    Como diz Felipe Ken, posterguemos para momentos mais oportunos.
    Fica o registro: o projeto Estudos sobre a Proximidade, entregues em duas edições do Fomento à Dança( a 8 e a 9), recebeu como negativa duas respostas totalmente opostas de duas comissões diferentes, embora tenha sido dito que as comissões ficam sabendo o que a anterior fez.
    Nós, os Artesâos, fomos devidamente catalogados como uma companhia que faz trabalhos para a rua e que pode conseguir recursos em outra freguesia.
    Acontece que virá mais um edital e lá estaremos nós para desgosto de muitos e alegrias de outros.
    O LEvante cumpriu seu papel de desorganizador para colocar as coisas no lugar. É isso mesmo: desorganizar para clarear. Missão cumprida.
    da desorientadora mirtes

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